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sábado, 23 de junho de 2012

Rio+20 anos de promessas


Chegou ao fim a conferencia Rio+20 com mais promessas do que planos com prazos
determinados. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
realizada na cidade do Rio de Janeiro, reuniu lideres mundiais para tomar medidas
visando a preservação ambiental e erradicação da pobreza. O assunto foi discutido, chefes
de estado de várias nações se pronunciaram, jornais até chegaram a relacionar Dilma
Rousseff ao filme O Senhor dos Anéis. No entanto, desta vez Mordor venceu, o anel não foi
destruído e a Terra Média corre sérios riscos.


Mordor ganhou dessa vez, agora só resta a marcha dos Ents para tentar salvar a Terra Média


O encontro marcou os 20 anos da Eco92 também realizada no Rio de Janeiro em 1992 e os
40 anos da primeira reunião a nível mundial sobre o tema ocorrida em Estocolmo. 40 anos
discutindo o tema aquecimento global e desenvolvimento sustentável e não houve reais
medidas para se resolver o assunto, somente promessas de estudar mais o problema.
Quanto mais estudo é necessário? O Tratado de Kyoto, uma das poucas medidas efetivas
oriundas dessas reuniões, é ineficaz na prática, já que o país mais poluente do mundo se
recusa a assiná-lo e a China, outro grande poluente, tem condições especiais por ser
considerado um país em desenvolvimento. Enquanto os países não levarem a sério o
problema não haverá solução, só mais promessas de estudos.

O Brasil não está em situação tão diferente dos outros países, a de prometer mais do que
cumprir. O recente aprovado Código Florestal (Lei 12.651/2011) expressa a indiferença ao
desenvolvimento sustentável das autoridades brasileiras. É claro que isso se refere ao
grupo ruralista, tão atrasados que ainda imaginam o Brasil dividido em Capitanias
Hereditárias. Talvez em algumas regiões do país ainda esteja mesmo, e ainda se aplica o
voto de cabresto, essa é a única explicação para uma sociedade querer um futuro e seus
representantes quererem outro completamente diferente.

Nada mostra mais a indiferença dos chefes de estados do que as declarações do Secretário geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang. Ele fez declarações do tipo:


“Esse é um resultado que não deixou ninguém feliz, mas
trabalhamos para fazer com que todos sejam iguais. Não
trabalhamos para fazer as pessoas felizes. Se elas estão igualmente
infelizes, estão felizes. Se uma pessoa está feliz e, outra não, isso
não é bom”.


Essa é nova. Quer dizer que, quando estiver todos infelizes, isso quer dizer que estão todos
felizes? O que ele talvez quis dizer é que, quando todos (entenda a população comum)
estiver feliz, os políticos e executivos milionários não estarão felizes, e isso não é bom.

A justificativa, ou melhor, desculpa esfarrapada, para a falta de prazos específicos foi a
recente crise financeira. Contudo, é exatamente o fracasso dessas empresas tradicionais
que devia estimular o investimento em outras áreas. As empresas e o sistema capitalista
tradicionais estão falindo. São meios ineficazes de distribuição de riquezas e, em um
planeta de 7 bilhões de pessoas em que 2 bilhões têm dificuldade de saciar suas
necessidades básicas de alimentação e água, essas políticas têm que ser pensadas com mais
cuidado e interesse.

Esse foi o Rio+20, uma conferência de promessas em estudar maneiras de
desenvolvimento sustentável enquanto destruímos matas e florestas, poluímos o ar e
investimos em empresas com sistema de produção ultrapassado responsáveis pelas crises econômicas dos últimos anos.


Igor D. Altíssimo

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