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domingo, 5 de agosto de 2012

A hipocrisia das Olimpíadas


Ah, as Olimpíadas... Perdendo para muitos apenas para a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos são um dos maiores eventos internacionais, em que milhares de atletas participam de várias competições em busca da perfeição. Atualmente os jogos são realizados de quatro em quatro anos, e levam mais de dez mil atletas, de cerca de duzentos paízes, para disputar nada menos que 928 medalhas.

Marcados por vitórias e derrotas, superações e decepções, os Jogos Olímpicos levam o ser humano ao seu limite e, a cada prova, paradigmas são quebrados e, com eles, alguns recordes olímpicos e mundiais, levando sentimentos de euforia, satisfação e até mesmo surpresa não só para os atletas, mas também para os torcedores, que acompanham os jogos pelo mundo todo (ou quase).

O Brasil nunca foi uma potência olímpica, mas sempre teve seus destaques: no vôlei, na vela e judô, por exemplo. Mas a pressão que existe em cima dos atletas brasileiros é algo curioso e até revoltante. Nesses últimos dias vi várias pessoas, e principalmente a mídia, tratando a derrota, ou melhor, o fato do Cesar Cielo não ter conseguido pegar medalha na prova dos 100 Metros Livres da Natação, porque de derrota aquilo não tem nada, como algo decepcionante. Estavam indignados com esse fato e desmerecendo não só ele, mas os demais atletas brasileiros que não conseguiram alcançar o tão almeijado pódio, como Diego Hypólito ou Daiane dos Santos da Ginática Olímpica.

Pois bem, vamos analisar os fatos. Vivemos no país do futebol, e todos sabemos do dinheiro e atenção que é investido todos os anos nessa modalidade. Os atletas de ponta do futebol brasileiro contam com todo o apoio não só finaceiro, mas também moral da esmagadora maioria da população, o que é comprovado pelo fato de o novo corte de cabelo do Neymar fazer mais sucesso que a obtenção do índice olímpico por algum atleta de qualquer outra modalidade. Entretanto, poucas pessoas sabem realmente como é a vida dos atletas não futebolísticos do Brasil. Ninguém se importa como são as condições de treinamento, ou pior, se eles têm onde treinar. Quem não se lembra de que há um tempo a ginasta Daniele Hypólito estava quase impossibilitada de treinar por falta de recursos e patrocínios? Acho que poucos sem lembram, né?  E ainda se sentem no direito de exigir uma medalha dos atletas? Com o incentivo que recebem, eles fazem muito em ir para as olimpíadas. Poucos dão o devido valor, por exempro, ao ginasta Sérgio Sasaki. Conseguiu medalha? Não. Ficou apenas em 10º lugar no individual geral. Nada para se vangloriar, a não ser o fato de ser o melhor resultado de um brasileiro na modalidade. Ou por exemplo a judoca Maria Portela, que foi eliminada logo na primeira luta e se diz envergonhada. Mas envergonhada por quê? Por ter a oportunidade de representar o Brasil em um lugar onde poucos conseguem estar? Ou por ninguém saber de sua existência e a tratar com decepção por não ter conseguido medalha?

O esporte no Brasil está longe do patamar das grandes potências olímpicas. Não por falta de talentos, mas por falta de incentivos. Se uma pequena parte dos recursos destinados ao futebol, esse sim com a obrigação de conquistar nada menos que o ouro em Londres, fossem redirecionados para outras práticas esportivas, esse cenário seria bem diferente. 

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Este texto foi enviado pelo leitor Luíz Felipe Ferrão e é de sua autoria. Obrigado pela ajuda neste blog, continue acompanhando. :)


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