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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Militarização da economia norte-americana

Tudo começou durante a presidência de Dwight D. Eisenhower (1953-1961), ele pediu aos americanos para ficarem atentos ao que ele chamou de military industrial complex. Eisenhower disse que as circunstâncias internacionais exigiram que se instalasse uma indústria militar permanente nos Estados Unidos, mas ele ressalta que os cidadãos deveriam ficar atentos para essa industria não dominar a política, a economia e a sociedade em geral. Além disso, o ex-presidente exprimiu seu temor de algum dia chegar à presidência alguém que não entendesse sobre os militares como ele. Quarenta anos depois, entra na casa branca George W. Bush.



Todos os maiores temores do presidente Eisenhower tornaram-se realidade, a economia americana é hoje completamente dependente da industria militar. O orçamento militar dos Estados Unidos é o maior do mundo e é o dobro das cinco outras nações que mais gastam com defesa somados. As pessoas tendem a defender que os americanos deviam parar de se intrometer tanto em guerras de outros países, e alguns liberais americanos defendem a redução dos gastos militares. Mas será que isso é fácil de fazer? Sem nenhuma consequência grave?

Os principais avanços tecnológicos do século XX, como computadores, celulares, internet, vídeo games, carros velozes, dentre inúmeros outros, foram alcançados graças a investimentos em pesquisas militares; milhares de pessoas estão empregadas nesse setor; simplesmente reduzir o orçamento pela metade significaria um grande golpe na economia. Essa é uma das consequências de uma indústria militar permanente que Eisenhower temia e com razão, a economia muito dependente das pesquisas militares.

Dwight Eisenhower sabia como o sistema militar funcionava, afinal ele era um, e conseguia enxergar as consequências de uma sociedade em que esse segmento tivesse demasiada autoridade, a perda de valores, como liberdade e privacidade. Durante o governo de George W. Bush a agência de segurança, nacional, NSA, chegou a grampear os telefones de cidadãos americanos, sem terem nenhuma causa probatória para fazê-lo; veja o diretor da agência redefinindo a Quarta Emenda que claramente protege contra esse abuso de autoridade governamental.



Bush sem dúvida era o inexperiente que Eisenhower temia chegasse à Casa Branca, afinal ele nunca chegou a ir para a Guerra do Vietnã, escapou dessa porque o papai é rico e poderoso. O que ele poderia entender? Na sua administração os gastos com defesa, que vinham reduzindo gradativamente desde a queda da União Soviética, sofreram novos aumentos, e os Estados Unidos voltaram com sua política de guerra, afinal não se fabrica bombas e balas para ficarem estocadas. O mundo condenou essa postura americana, e mesmo americanos foram contrários, mas um presidente inexperiente não podia ter feito diferente. O poder da indústria militar sobre a economia e a política americana já está fora de controle, o governo é impotente. O segmento que tem poder para retomar o controlar da sociedade está distraído, manipulado pela Fox News ou por programas medíocres da indústria de cinema.

O ex-presidente advertiu aos cidadãos para ficarem atentos para evitar que isso acontecesse, mas eles se distraíram. O sonho de Eisenhower, de uma sociedade livre e em paz somente por mútuo respeito fica cada dia mais distante. Não acredito que o mundo seja um lugar pacífico para algum país negligenciar sua defesa e, como ressaltei, vários desenvolvimentos tecnológicos são devidos às pesquisas militares, contudo uma sociedade com a economia e a política militarizada não difere de uma ditadura. Os Estados Unidos é, atualmente, regido pelas agências de segurança nacional, o presidente e o congresso são figurantes nesse jogo.

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