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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Olimpíadas e o novo cenário bipolar do mundo


Raramente na história da humanidade houve períodos em que existiram mais de uma potência dominando o mundo e a maioria desses períodos foram de transição. Lembre-se o período do colonialismo em que Portugal e Espanha dividiam o mundo entre si, depois seguiu-se um período em que vários países europeus desenvolveram-se industrialmente, mas esse foi um período de transição e, após a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi, novamente, disputado por duas super potências, Estados Unidos e União Soviética. Após o declínio da URSS emergiu um mundo multipolar novamente, os países europeus estavam fortes economicamente graças à União Européia e os países em desenvolvimento, os chamados BRICS, estavam também fortalecendo. Contudo, se seguirmos o exemplo da história esse período será transitório em direção a uma nova bipolaridade do mundo. Hoje dois sistemas econômicos destacam-se no cenário mundial: o velho capitalismo liberal dos Estados Unidos e o capitalismo comunista da China. O quadro de medalhas é um reflexo desse dualismo, no período da guerra fria as olímpiadas também refletiam a disputa entre as duas potências. Mas qual sistema será dominante, qual é melhor ou será que nenhum deles é melhor.

Quadro de medalhas - China e EUA na liderança

O crescimento da China é realmente impressionante, muito a frente de qualquer outro país em desenvolvimento e de muitos países desenvolvidos por sinal. Um país que no auge da crise imobiliária tinha crescimentos de 14%. Sem falar que ela é hoje um dos maiores credores dos Estados Unidos. Mas como esse espantoso crescimento vem sendo alcançado? Todos ouvimos falar de como os trabalhadores chineses trabalham em regime de quase escravidão e como as empresas americanas aproveitam isso para poderem vender iPads por trezentos dólares a americanos. Além disso o descuido com o meio ambiente, todos lembram dos chineses com máscaras proteras em Pequim. Em governos não democráticos o crescimento econômico raramente vem junto com transformações sociais, veja o “milagre econômico” do Brasil durante o regime militar. Regimes assim conseguem ver as coisas feitas com rapidez porque não discutem opções diferentes da defendida pelo governo, mas nem sempre o governo tem razão.


Chineses com máscara de gás; poluição na China

Muitos acreditam que o sistema econômico dos Estados Unidos é falido e ultrapassado, principalmente devido às recentes crises que sofreu. Contudo, julgar um sistema pelas suas falhas é injusto e simplesmente dizer que fracassou e defender outro sistema pode deixar de considerar vários pontos positivos do capitalismo americano. O capitalismo fracassado é o da década de 1920, em que o governo é uma figura de enfeite que deixa as pessoas fazerem o que quiserem, época em que uma empresa férrea lucrava mais não produzindo trens do que os produzindo. A especulação sem regulação. Contudo, os Estados Unidos é uma democracia – por mais que você seja um anti-americano e discorde disso – e existe discussão de ideias e projetos diferentes. Apesar de não haver ninguém de destaque defendendo sistemas como comunismo na américa, no máximo um capitalismo com características mais sociais como o governo de Obama, não veja isso pelo lado ruim, sonhar com um sistema que irá acabar com todas as injustiças não é só um delírio, como contrário a todas as características dos seres humanos. As mudanças em um sistema democrático podem ser lentas, mas elas acontecem, a crise no governo Bush foi um retrocesso a práticas econômicas já conhecidas por serem ineficientes.


Operadores da Bovespa nervosos durante crise


Um sistema de sucesso tem que permitir a livre discussão de ideias, o papel do governo não pode ser ditatorial regulando o que se deve pensar, como se deve agir, mesmo que se acredite que estejam fazendo pelo bem geral. Contudo, não é o governo do neoliberalismo, a mão invisível que deixa o mercado livre, é necessário haver regulações, para que as pessoas não pensem demais em si mesmas e esqueçam das outras pessoas. Um país para ser economicamente desenvolvido deve investir na sua classe média, uma classe média forte, consumindo, enriquece as classes mais altas que geram empregos para as classes mais baixas. 

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