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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O novo momento do James Bond

Durante a estréia do filme 007 Cassino Royale eu lembro de ter lido uma resenha sobre como o filme tinha mudado para se adequar a um mundo pós guerra fria. Nesses últimos três filmes foi um período de adaptação à nova realidade mundial, um treinamento do novo 007, tanto ator quanto personagem. Um ator que alguns críticos consideravam não ter as feições do clássico herói britânico, por parecer mais com um vilão. Em Goldeneye a chefe de Bond, ainda interpretado por Pierce Brosnan, Judi Dench(M) diz a ele que: "Acho você machista, um dinossauro misógino, uma relíquia da guerra fria.". E, no filme Skyfall a temática é realmente saber se no mundo atual, em que com um computador uma pessoa é capaz de destruir a economia de um país, há lugar para um agente com a missão de matar uma pessoa.



007 Cassino Royale apresentou um James Bond completamente diferente do tradicional. Já no início ele não está de terno tomando um martini, ele está correndo atrás de um suspeito, entrando até mesmo em uma embaixada. Mostra o descontrole de um agente recentemente promovido, que teria os próximos três filmes para treinar e se tornar o 007. Neste primeiro filme ele aprende a não confiar em ninguém, ao cometer o erro de confiar na Vesper(Eva Green), por quem se apaixona e chega a largar o serviço secreto para viver com ela. Mas, no final ela era uma traidora. Isso foi o primeiro aprendizado de Bond. Em 007 Quantum of Solace, ainda acreditando na inocência de Vesper, Bond sai em busca da verdade e de vingança por quem a usou e matou. Se aprendizado nesse filme é quando matar ou não os suspeitos. M chega a dizer para ele que qualquer um pode matar uma pessoa, a tarefa de um agente 00 é saber quem e quando matar. Ao final do filme ele não mata o suspeito e finalmente percebe que a Vesper era uma traidora.



Mas, mais do que essa transformação pessoal do personagem, foi importante a adequação do filme ao novo contexto sócio-político internacional. Mesmo depois de uma década do colapso da União Soviética a temática de Um novo dia para morrer ainda estava centrada na luta contra o comunismo. Isso é expresso pelo vilão ser um norte-coreano e pelas cenas gravadas em Cuba. Mas em um cenário pós-guerra fria, um agente com missão de matar, é necessário? E, se for, como deve ser sua atuação, em um ambiente sem um inimigo claro? A luta contra o terrorismo, que é a presente grande ameaça à paz e ordem no Ocidente capitalista, não tem um inimigo definido. A ameaça não vem, normalmente, de nações, mas de grupos armados, de localização e objetivos diversos. Junto com isso, o desenvolvimento tecnológico possibilita que grandes danos sejam causados com um laptop há quilômetros de distância do local. A resposta que o filme apresenta é sim! Como é perceptível por este depoimento de M. à uma comissão do Parlamento, quando ela cita Ulysses.

Apesar de se tomar muito, muito permanece e, embora
Nós não somos agora aquela força que nos velhos tempos
Moveu a Terra e o Céu, aquilo que nós somos, nós somos ...
Um temperamento igual ao de heróis,
Feito fraco pelo tempo e pelo destino, mas fortes na vontade 
Lutar, buscar, encontrar, e não se render.



Pelo visto James Bond continuará a serviço de Sua Majestade por mais algum tempo. No final a agência MI6 volta ao comando de um homem, uma nova Moneypenny, até mesmo o escritório era parecido com o dos antigos filmes, e 007 estava usando terno dessa vez. O clássico Bond, James Bond, está de volta, agora resta saber quem serão seus novos inimigos. Skyfall dá uma dica quando o único local fora da Inglaterra no filme foi a China. Este será o velho 007 em um novo mundo.

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