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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eleições 2014: Minas pensa o Brasil

Ontem, dia 25 de fevereiro, teve início um ciclo de seminários organizado pelo PSDB de Minas Gerais com o intuito de debater questões sobre a política do Brasil, tendo em vista a eleição de 2014. Na realidade serviu como início da campanha presidencial do senador Aécio Neves. O palestrante foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, ao que tudo indica, irá acompanhar o senador durante sua campanha eleitoral em várias palestras e discursos pelos país afora. Separei alguns trechos do discurso, a maioria críticas à gestão do PT, que merecem um destaque de análise.


Um primeiro ponto que o Fernando Henrique apresenta de crítica ao governo do PT foi a concentração de poder do governo Federal, principalmente do Executivo, que muitas vezes tirou autonomia dos estados e municípios de governarem. Isso é absolutamente verdade. O presidente não é, ou não deveria ser, um cargo de absoluto poder que pudesse passar por cima dos interesses dos estados. O modelo de republicanos que decidimos adotar e está claro na nossa Constituição é o federalismo, e este modelo torna-se muito mais necessário quando leva-se em conta a extensão territorial do Brasil e as diferenças de costumes e necessidades das diversas regiões. Uma maior centralização do poder é extremamente prejudicial.

E nem foi só com relação à autonomia dos entes federativos que a gestão do PT entrou em choque, mas entre os próprios poderes federais. A crise no Senado Federal durante o primeiro mandato do Lula, que culminou com o caso do mensalão, mostrava como era conflituoso, e beirava ao ditatorial, o relacionamento do Executivo com o Legislativo. Foi uma administração que quase paralisou o Senado governando através de medidas provisórias, uma autonomia que, essa importante estrutura da República desde o tempo romano, não conseguiu recuperar até hoje.

Outro ponto levantado pelo ex-presidente foi agora em relação à economia; as deficiências nas infra-estruturas (setor de energia, estradas e portos). Tivemos ano passado greves dos agentes dos portos que paralisou o escoamento de mercadorias; tivemos falta de energia também e tudo isso são obstáculos que estão barrando o crescimento do Brasil. A administração do PT foi um pouco arrogante nesse ponto e essa arrogância fez o país perder oportunidades de crescimento que não passam duas vezes, como por exemplo a auto-suficiência do petróleo e o nosso potencial de produção de etanol, hoje a gasolina está quase três reais e importamos etanol dos Estados Unidos - isso mesmo, o país que rimos a alguns anos de produzir etanol de milho e não de cana. Sobrevivemos à crise, mas a má gestão nos impediu de tirar proveito dela e as grandes potências já se recuperam e nós continuamos no mesmo patamar.

Gritamos por voz e participação internacional, queremos fazer parte do Comitê de Segurança da ONU, mas as políticas econômicas da nossa presidente são ridicularizadas no Financial Times. E a crítica não é de toda infundada, enquanto vivemos na arrogância de sermos a sexta economia do mundo, o nosso PIB cresce apenas 0,7%, enquanto outros emergentes como China e Índia crescem mais de 6%. A economia está estagnada e a chave para fazê-la voltar a crescer de novo é dinamizar a máquina publica, esse dinossauro burocrático que pesa sobre o nosso desenvolvimento.

Para finalizar algo um tanto controverso, ética na política. Evidentemente o tucano tocou nesse assunto e falou que durante a gestão dele não houve roubos. Políticos que não roubam é tão crível quanto unicórnio. Ele estava fazendo campanha, óbvio que precisava afirmar isso, o pior não foi ele dizer isso, mas o que eu ouvi depois. Na saída, enquanto eu esperava o ônibus para voltar para casa, duas pessoas conversando sobre essa parte do discurso e uma delas disse "se for para roubar que pelo menos roube direito", referindo-se que os petistas foram pegos roubando e, por isso segundo sua visão, não foram "profissionais" em roubar. Essa inversão dos valores éticos é perigosa, não só para a política, mas para toda a sociedade brasileira. Não é mais errado roubar, é errado ser pego roubando. Isso, evidente, é uma visão deturpada das normas para interesses privados. Roubar é errado e ponto, não existe justificativa.

Houve outras críticas à administração do PT feitas pelo Fernando Henrique, mas essas foram as que eu considerei principais, passando pela política, economia e ética. A palestra serviu mesmo como início da campanha para presidente de Aécio Neves, ele deverá aliar-se à influência do ex-presidente para conseguir apoio dentro do partido, bem como para conquistar o eleitorado. A corrida eleitoral para 2014 já começou e tentarei, o máximo possível, trazer opiniões sobre os diversos personagens desse grande evento da democracia brasileira.

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