Páginas

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

The Backfire Effect

Meses atrás um amigo meu compartilhou no Facebook um texto bem interessante que eu gostaria de compartilhar com vocês. Com certeza todos vocês já passaram por aquela situação de se encontrarem em uma ferrenha discussão nas diversas sessões de comentários da internet, seja qual for o teor da discussão. Alguma vez vocês já conseguiram convencer seu interlocutor de que você está certo? Ou alguma vez você já admitiu que estava errado? Acredito que dificilmente alguma destas situações se verificaram. Na realidade o que deve ter acontecido é que cada um de vocês defenderam com maior veemência sua posição. Isso é o chamado backfire effect.


Source: http://rationalwiki.org/wiki/Backfire_effect

Cometer erros todos cometem, até mesmo os mais tradicionais jornais da impressa. Todos os jornais tem uma secção para corrigir algum pequeno erro de redação e, às vezes, um erro muito grande, que pode gerar toda uma matéria de retratação dependendo do caso. Isso é muito útil para a credibilidade do jornal, afinal ninguém confiaria em algo que não erra nunca, certo? Mas se esses erros ocorrerem frequentemente em assuntos muito queridos para as pessoas elas tenderão a se afastar daquela leitura. Quando você se depara com uma notícia que contradiz suas convicções mais fundamentais, qual sua reação? Muitas vezes é a de negar completamente aquela informação e se apegar às suas mais ainda. Irá também às vezes passar a criticar a mídia que a divulgou, tentando encontrar um meio de desacreditá-la.

No texto apresentado pelo meu colega o autor narra um caso dos Estados Unidos. Na década de 70, durante a campanha presidencial, Reagan contou uma história de uma senhora que tinha 30 endereços, 80 nomes e 12 cartões de Seguro Social que ela usava para dar um golpe em um tipo de Bolsa Família que existe lá. Ele falava que a mulher dirigia um Cadillac, nunca trabalhara na vida e não pagava nenhum imposto, sem nunca a ter conhecido. A história entrou para a consciência coletiva da sociedade americana e influenciou não só discursos, mas também as políticas públicas dos próximos 30 anos do país. Ela também não era verdade.

Ronald Reagan, 48º presidente dos Estados Unidos.


Certamente existiu, e existe, pessoas que praticaram golpe contra o governo, mas nenhuma encaixava-se na descrição de Reagan. A história provavelmente foi uma anedota do ex-presidente para ridicularizar um sistema que ele não concordava. No entanto as outras pessoas, que compartilhavam desta opinião, a tomaram como verdadeira e não a questionaram. Ainda hoje deve existir pessoas que a acham verdadeira. Histórias como essas que dizem o que as pessoas querem ouvir, que confirmam suas crenças, entram para o compêndio de histórias verdadeiras além de qualquer questionamento. 

Isso é mais evidente ainda em qualquer exemplo de longas discussões na internet. Quando que você conseguiu convencer alguém, ou mesmo foi convencido, em alguma discussão online sobre assuntos mais controversos, que tendemos a ter preconceitos firmemente arraigados em nós? Legalização da maconha, casamento homossexual, aborto, qualquer um desses assuntos tão queridos pelas pessoas nunca poderiam ser resolvidos em conversas nas redes sociais. Cada vez que você tira um link, um artigo, uma referência que suporta sua posição, você está na realidade aumentando a convicção do seu adversário. A discussão acabará normalmente com ataques pessoais à credibilidade um do outro. 

Mas sempre que vemos alguém criticando aquilo que carinhosamente acreditamos, analisamos minuciosamente o que ele está dizendo e no menor erro bombardeamos seu tópicos de argumentos contrários. Essa atitude relaciona-se com aquele sentimento quando ouvimos um xingamento e damos atenção mais a ele do que aos outros inúmeros elogios que recebemos. Aquele xingamento martela na nossa cabeça durante muito tempo. É assim com as informações. Aquelas que reafirmam o que já acreditamos passam rapidamente pela nossa mente, já as que contradizem nossas crenças nos consomem e sentimos a necessidade de respondê-la.

Então, não há nenhuma maneira de ter uma discussão saudável? Claro que não é bem assim. Primeiramente pare a discussão e deixe os ânimos se acalmarem antes de tocar no assunto novamente. Muitas vezes o efeito backfire é devido ao fato das pessoas não quererem ser vistas como idiotas na frente de uma audiência. Quando esse medo passa elas se mostram mais abertas a novas ideias. Segundo, tenha paciência, talvez algo que você disse apenas não tenha surtido efeito ainda, mas em pouco tempo surtirá. E, se na próxima discussão na internet começar a perceber que não irá produzir resultado nenhum, afaste-se, realmente não conseguirá convencer seu interlocutor. 

___________________________________________________

Referências:




Um comentário: